terça-feira, 28 de agosto de 2018

Girl From The North Country

E então as segundas feiras se tornaram os dias mais difíceis de viver
Não por ser o início de mais uma longa semana
Mas sim por reacender toda aquela falta-de-mim-mesmo entalada na garganta.

Tornou-se o meu dia da saudade.

Era capaz de deitar na minha cama e passar o dia todo escorrendo os dedos pelo lençol
Tateando um futuro de sensações que eu não sei se virão
Tateando todos os momentos que eu gostaria de cristalizar e não pude.

Era capaz de ficar o dia todo sem comer
como se o roncar e o gemer do estômago fossem capazes de me distrair.

Mas, vez ou outra, também era capaz de me salvar.
Hoje o vento soprou forte pela manhã
e o arrepio me lembrou as noites de julho que, a essa altura, já poderiam muito bem ter sido esquecidas
Mas nunca serão
pois é dessa maneira que melhor me lembro dela.

Ah! E como ela cresceu!

Deixo meu corpo ser levado por todos os tons de azul e roxo que aquela época representa
por todas as canções e versos e frases e olhares
por cada deslizar de dedos que ela dava em seu próprio cabelo
e adormeço anestesiado pela saudade dos meus 17
E amanhã sei que acordarei como se nada houvesse acontecido

e seguirei
vivendo

Aprendi a fragilizar essa falta
da mesma maneira que o meu sentir se fragilizou de alguns anos para cá.

É uma boa luta.
E dói
e dói
e dói.

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