sábado, 9 de agosto de 2014

Uma volta na praça falando sobre a geração que roubei pra mim

Em volta do coreto , dizia ela, num daqueles com rachaduras e tudo mais, sentam-se velhos
Com suas camisas amassadas e fechadas até o último botão, de vez em quando com lenços
Reclamam do tempo
Reclamam do dia
Reclamam de dores
Reclamam de política
Reclamam de outros velhos

Pensam também, dizia ele
Sempre o fazem
“- Aquele cretino do Herzog não sabia o que falava.
- Cretino mesmo é o Kerouac: nos comprou e encheu de sonhos.
- Mas se encheu de sonhos então não é tão cretino assim.”

Alguns voltavam pra casa
Iam amolar suas ferramentas, amolar suas mulheres, amolar a si mesmos

Por um breve instante ela pensou em perguntar se ele era um desses
No fundo ela já sabia a resposta

“Há coisas bonitas para serem ditas
Mas só para quem quer ouvir” ela concluiu

Ele apenas afirmou.


Vai-se um velho e leva consigo uma biblioteca.

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