Quatro horas da tarde
Numa dessas esquinas com bares e cigarros
Com olhos
Olhos que vasculham bebidas
Olhos que vasculham mulheres
Olhos que vasculham o tempo – corre, corre, corre (mas não
por chuva)
E os olhos daquele homem
Que vasculhava as riquezas que tratamos como lixo
Resto
Bagaço
Talvez ele sonhasse
Naquela tarde certamente sonhava com laranjas
Daquelas que a padaria havia acabado de descartar
Seus olhos pareciam tão grandes quando se aproximou daqueles
pedaços...
Foi passar, esbarrou e me pediu desculpas
Foi-se embora
Foi tranquilo
Levava consigo uma mala de rodas
Mas além desse poema, também me deixou uma pergunta:
Qual é a chance do mundo ter que pedir desculpas à ele?
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